terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sufoco, apenas. E já não cabe mais esse inferno interno eterno que há aqui. Fecham as janelas e as portas e me deixam nesse vácuo cheio de nada, sem nada, sem mim. Desgraçados! Minha transparência é tão nítida. Minhas expressões, meu tom de voz inconseqüente e desesperado reflete tão bem meus sentimentos que tentam camuflar-se lá dentro. Meu ego, cheio de orgulho, grita. Um demônio exaurido que se debate, que corre de um lado para o outro como se houvesse consumido algum veneno por simples distração. Falece, pois, no seu íntimo. E eu aqui fora, em contato com esse universo externo entre gosto de poeira e cheiro de pólen. Não sobrevivo sem os arranhões nas entranhas.

Desarmem minhas mãos. Não me permitam sentir nem sequer essa lágrima que escorrega pelo meu rosto e brinca de fazer cócegas pelos poros de minha pele. Amarrem meus pés e arrastem meu corpo por entre as pedras do chão bruto de alguma estrada vazia, onde exista um vazio que me preencha de dor que eu não possa sentir.

E assim, enclausurada dentro dessa voz abafada, grita um silêncio e renasce o demônio que me acalma, que me embala num sono profundo e me faz ressurgir.