sábado, 18 de abril de 2009

Sou minha

Como um sabor de delírio que fulmina com gosto de fel. Onde a incúria dispensa compaixão, penetra tão fundo, machuca. Arde na boca e amarga o final. Final sem começo. Início sem rumo. Como um ar rarefeito que penetra o vácuo, afoga o silêncio, refaz o errado, encobre o pecado, apaga o passado. Êxtase incondicional, extremo, explícito. Harmonia e loucura que se confudem, se completam. Mórbido e estimulante, que contradiz, mas que condiz. Exageradamente inofensiva, insípida , irreversível. É lírio, é lís, é jasmim com espinhos. O ébano de luxo ou o pirata extorquido. Um pierrot de pijamas com lágrimas de tinta barata. O rascunho do molde sem conserto, emendas sem costura. É a imaginação indecente, instigante, reprimida. É aqui, ora é lá. Irritantemente inconstante. Ilusão inocente, frenética e abstênica. Discreta e vulnerável. Fria. É brasa, é fogo. Calor. Sem reflexo, sem sombra, sem outra semelhante. Sou eu, sou só, sou minha.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

[...]

Bate na janela, me diz que é a hora certa de fugir daqui. Me pega pelos braços, arranca os meus pecados e me ensina a ser feliz. Eu me desfaço em verbos que eu criei pra ti. Eu sufoco nesse abismo que nasceu em mim. Afogo em devaneios. Loucura que entorpece o que eu senti.