segunda-feira, 5 de julho de 2010

É íntimo e necessário

As pessoas se queixam dessa quietude das minhas palavras. Sentem falta das frases que não se completam, e às vezes não existe tanta coerência naquilo que falo, já que engolir pensamentos pode ser mais simples. Nem tudo precisa ser entendido, dito. Basta que eu compreenda sozinha. E me identifico comigo, mais do que qualquer um, quando se trata de me aconchegar na minha bolha silenciosa, olhando fixamente pra um espelho que retrata os meus olhos no formato real, exteriorizados. Essa análise de dados pessoais íntimos é tão constante que se é notado facilmente. E quem nota, não percebe o valor e não aprova. Não que eu precise da aprovação alheia. Não tenho interesse de aceitação, apenas gostaria que não julgassem de maneira equivocada, com um pré-conceito estabelecido pela arrogância.
Cada um tem seu jeito de se esquivar da insegurança. É natural, instintivo, assim como o tatu-bola se enrola nele mesmo quando sente medo. Sensível e minúsculo demais pra morar nesse mundo cheio de pés andantes enormes que saem pisando por aí. Essa insegurança engole as pessoas, por mais estáveis que sejam, ou porque de tão orgulhosas, não aceitam as próprias falhas.
Ah, quanta bobagem! Não deixo de concordar. É que algumas vezes paro pra pensar nessa loucura que vivo e que as pessoas ao redor vivem, ou fingem viver. Tão mergulhadas nessa poeira solúvel que afoga a identidade delas. Onde fica a essência? Escondida por trás dos olhos pregados no espelho.
Então afirmo, na minha curta experiência de duas décadas vividas: É preciso, sim, uma dose de solidão interior, algo que faça reacender o encanto apenas refletido.

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