terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Um piano. Uma voz.
Sentada sobre o piano, ela cruzou as pernas e tragou o cigarro. As luzes do palco voltavam-se à ela. O pianista manobrava as notas no instrumento enquanto o jeito dela, displicente, seduzia o pequeno público diante de seus olhos. Uma das mãos ainda apoiava o seu peso sobre si mesma. Estava bêbada outra vez, mas sua voz enganava. Ela ainda canta como há muito tempo atrás. Agora cantava com a alma, com a dor que trazia e arranhava sua carne por dentro. Queria gritar alto e expulsar os demônios que atormentavam sua mente, mas eles voltariam. Só o que lhe restava era entoar a canção para que os fizessem adormecer por alguns instantes.
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